O que fazer do meu tempo
Luz que me queima e me cega
mas não ilumina o meu caminho?


O que fazer do meu tédio
das minhas pernas e das minhas rimas
dos meus sonhos, desses remédios
e tantas bulas
Da minha irmã e nossa prima?


O que fazer do meu tempo?
Jogar 1 ml de césio no aquário
e matar o peixe betta?


O ronco das escavadeiras
demolindo o prédio
O helicóptero da polícia
e as varejeiras atrás da árvore...


...O que fazer de tanto tempo?
   Ébrio, tocando rés bemóis (?)




Em raros momentos de lucidez, percebo, ao meu redor, gente escrota falando abobrinha, provocações baratas. "Falam demais por não ter nada a dizer". Então sinto um grande vazio, uma falta de sentido em tudo, e me pergunto se já não seria hora de morrer (?) 


Fugimos o tempo todo da verdade, porque, a verdade, é o antídoto do esperto, o grafite do otário, de tudo o que aí está. 


Estamos todos perdidos, trancados em cápsulas espelhadas, viajando no tempo, ocupados com máscaras, inflando nosso ego, nos esquecendo dos pregos. Correndo atrás de nada; porque nada é melhor que morrer, e viver já não vale a pena.


Só este mês, ou, no máximo, até a próxima semana. Até sermos tragados por esse sistema - Estado de Coisas - que nos alimenta e nos cospe na cabeça, sem o menor escrúpulo, como se fossemos bestas quadrúpedes. Estão apenas preocupados com o casulo e a conta bancária.


Para que, Senhor
continuar, então, me torturando neste tempo e espaço
preso ao arame farpado
e ser consumido por esses pobres diabos?


Perdão...
Tenho que suportar tudo isso numa boa, não é mesmo?
Esta é a prova.
Mas é que isso me deixa muito injuriado
Sei que, só assim, ganharei asas de verdade
mas ainda não me sinto tranquilo
Por quê?
Queria estar no meio de gente fina e educada
de bons sentimentos e percepção aguçada
Tudo de verdade, e não esse arremedo.


...Sorrisos francos, olhares afetuosos, mãos quentes
   vozes firmes e suaves. Cadê?